sábado, 31 de maio de 2008

Resenha do Filme "Triunfo da Vontade"

O filme da diretora Leni Riefenstahl, foi encomendado por Adolf Hitler que buscava filmar de um modo mais profissional seus eventos oficiais do Partido Nazista. O filme se destaca pela sua qualidade técnica – tendo em vista que foi filmado no ano de 1934 – contando com uma imagem de alta qualidade, sonoridade perfeita para a época em que fora realizado e com fotografias fascinantes. Tudo isso comprova todas as pesquisas e o desenvolvimento técnico alcançado pelos alemães durante o período nazista, atestando que o empenho as novas e inovadoras tecnologias não se restringiam ao belicismo, além da utilização dos nazistas pelo cinema para divulgar suas ideologias, suas ações.
Como a simplicidade não estava presente nos sonhos e tampouco no governo de Hitler, nada melhor do que fazer um filme para mostrar com toda a grandeza do cinema toda a movimentação do regime nazista. O longa-metragem começa já com um gigantesco desfile de Hitler pelas ruas da Alemanha, quando é ovacionado pelas pessoas nas ruas que acompanham eufóricas a parada. Já com essas primeiras cenas já se percebe a grandiosidade das manifestações organizadas pelo Partido Nazista e que muitos outros exemplos ainda estariam por vir no filme.
Outro detalhe que logo desperta a atenção do espectador é a perfeita musicalidade das cenas, que substituem as falas dos “personagens”, e dão mais ênfase aos discursos, os únicos momentos do filme em que se ouve a voz de alguém.
Numa das primeiras cenas do filme em que mostra atividades ao ar livre, no campo de jovens alemães, provavelmente da Juventude Hitlerista, já percebemos características próprias do regime nazista, como o movimento de resgate de valores da natureza, da vida campestre, assim como o do culto ao corpo, da educação física, e de humanidade entre os alemães – evidente os arianos – já com o intuito de formação de valores de companheirismo, de confiança de um em outro, do trabalho em equipe, tudo isso através de brincadeiras, gincanas e atividades que podem ser vistas por um leigo como meras atividades de recreação para jovens, mas já era a formação de soldados do Exército Nazista já introduzido com seus valores destacados mais acima.
Também são destaque no filme os congressos do Partido Nazista, onde estavam presentes além de militares e de membros de outros partidos alemães, presidentes de outras nações da Europa, ou seja, mais uma evidencia do prestígio e respeito que Hitler tinha dentro seu país e do consentimento dos países europeus para com sua política, sem contar com a presença maciça do povo alemão.
No congresso Nacional-Socialista alemão de 1934, os membros do partido já discursavam para os presentes os objetivos do III Reich, como a formação da Grande Alemanha, justificativa de que uma revolução seria necessária para que a nação se tornasse vitoriosa, ressaltou-se também o crescimento industrial e econômico pelo qual vinha passando a Alemanha (num claro discurso de um dos integrantes que afirmara que Hitler “havia tirado o país do buraco”) e já a valorização da pureza racial para que o Reich fosse vitorioso e subjugasse as nações da Europa Oriental. Tudo isso, mais uma vez destacando, com a presença de líderes de nações vizinhas. Com toda a aclamação da população aos objetivos de Hitler, este é de fato, sacralizado.
Hitler foi uma figura que inaugurou o terreno da política de massas, encenando todas as suas aparições públicas de orador do partido como se fosse à entrada de um célebre tenor nos palcos de um teatro, com toda a sua inspiração wagneriana. Todos os seus monumentais discursos para uma enorme platéia eram verdadeiros espetáculos encenados que tocavam a população fazendo-a sentir orgulho de sua pátria e de pertencê-la. Eram comícios hipnóticos e teatralizados onde o füher era o ator principal.
Ele discursava para todos, trabalhadores, jovens, para a sociedade em geral. Para os trabalhadores, alinhados de uma forma semelhante a doutrina militar, pregava a igualdade dos valores de trabalho, não propondo mais uma divisão e sim uma união de finalidades, num claro desconhecimento de castas e classes, cobrando sempre a dedicação. Para os jovens reverenciava aos que haviam morrido pela Alemanha e os ensinava a serem duros e corajosos e que aceitassem as privações em nome de uma pátria forte, de uma Alemanha viva. Era uma forma completamente inovadora de política, sem intermediários entre o líder e a sociedade, permitindo um acesso direto.
Nas grandes produções destacamos os eventos realizados a noite, iluminados pelo fogo que denotava um misticismo. Havia também a valorização da cavalaria como um apego nazista as tradições medievais, reafirmadas para a escolha de Nuremberg, uma cidade medieval, para sede de seu partido e não uma cidade já industrializada como Berlim.
A perfeita sincronia dos desfiles militares, onde marchavam todos completamente alinhados, revelam o ideal de defesa e todo o senso de ordem e coesão não somente para as forças armadas, mas para toda a nação.
O filme condensa todos os valores propagados e destacados pelo nazismo, intrínseco a propaganda, o doutrinamento ideológico, a visão estética subjacente na paranóia por marchas e continências, o ideal de ordem e coesão. É um filme que mostra também a receptividade e a fidelidade da sociedade aos apelos e a política de Hitler, demonstrados logo no início do longa-metragem através das bandeiras do Partido Nacional Socialista penduradas pela cidade.
É com certeza um filme exaustivo, mas que merece ser assistido, evidente não como um entretenimento, e sim como uma forma de análise e estudo de um dos períodos de maior complexidade da história da humanidade.

Ficha Técnica
Título Original: Triumph des Willens (Triunfo da Vontade)
País de Origem: Alemanha
Ano: 1934
Duração: 110 minutos
Diretor: Leni Riefenstahl

Um comentário:

Anônimo disse...

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